O QUE É EMPATIA?
A empatia é uma das principais características humanas que nos possibilita viver em sociedade. Sim, sem empatia não há sociedade que se sustente. Por isso, a EMPATIA tem sido cada vez mais estudada por diversos psicólogos, psiquiatras e cientistas que entendem a sua importância na nossa evolução como humanos e como sociedade.
Partindo desse princípio, muitos desses estudiosos acreditam que a empatia será capaz de transformar o mundo, uma vez que ela seja cada vez mais difundida e aplicada por todos nós. Essa transformação possibilitará sermos capazes de nos relacionarmos de uma maneira mais profunda, construtiva e saudável com todos independente de qualquer preconceito e julgamento social (cor, credo, raça, sexo, sexualidade, nacionalidade, situação econômica dentre tantos outros) melhorando todos os tipos de relações humanas: seja em casa, na sociedade em geral e entre nações.
MAS AFINAL, O QUE É MESMO EMPATIA?
Roman Krznaric, um dos maiores estudiosos da empatia no mundo, se não o principal, nos explica que o termo vai muito além de se colocar no lugar do outro, como a maioria de nós compreende o termo. Para ele, empatia é a habilidade de dar um salto imaginativo, deixando de ser quem se é por um momento, para então poder ser o outro. Empatia é imaginar o que o outro pensa, sente e faz, sendo quem ele é, com a sua história de vida, família, características de personalidade e tudo o que envolve aquele ser humano único.
Ficou complexo? Vamos simplificar então! Muitas vezes entendemos empatia como se colocar no lugar do outro. Mas isso não é possível, já que quando fazemos isso continuamos a pensar, sentir e agir com a personalidade que temos, sendo por isso difícil enxergar realmente a realidade e perspectiva do outro. O salto imaginativo do qual fala Krznaric vai além disso, é como se por um momento você fosse REALMENTE aquela pessoa, e NÃO FOSSE MAIS VOCÊ. Pois só assim, seríamos capazes de nos aproximarmos ao máximo da experiência de outro ser humano, já que só podemos sentir o que sentimos baseado naquilo que somos.
Assim, empatia também é a consciência constante de que somos diferentes e ao mesmo tempo interdependentes, precisamos de conexão, precisamos uns dos outros e não fomos criados para vivermos isolados. A condição natural do homem é a interdependência e ela começa desde bebê, quando precisamos ser cuidados e amados para que cresçamos saudáveis tanto física quanto emocionalmente. (Daí a importância de se praticar a empatia, pois, por sermos indivíduos únicos e diferentes, concessões devem ser feitas para que possamos nos relacionar uns com os outros).
Você já notou que quanto mais parecido conosco alguém é, mais fácil se torna empatizar por essa pessoa? Isso acontece porque temos sentimentos e emoções parecidas com o que a pessoa experimenta ou já experimentou. Assim, escolhemos nossos amigos por afinidade, seja ela qual for. Esse tipo de empatia que surge de forma natural é chamada de EMPATIA EMOCIONAL, nos conectamos através de pensamentos, sentimentos e emoções similares.
Quanto mais experiências distintas se têm, mais desenvolvemos esse tipo de empatia que é produzida por nossos NEURÔNIOS ESPELHO (estes são células que estão localizadas no nosso cérebro, mais exatamente no córtex pré-motor e que são ativadas pela execução de uma ação por imitação, ou seja, quando uma ação é observada em outra pessoa e inconscientemente o imitamos). Um bom exemplo dos nossos neurônios espelho atuando acontece quando vemos alguém se machucando e involuntariamente fazemos uma cara de dor e, às vezes, até dizemos: “Nossa isso doeu em mim”. Todos nós já passamos por esse tipo de situação alguma vez na vida. Você se lembra da última vez que viu alguém batendo o dedinho do pé na quina da cama? Ai...essa doeu em mim só de lembrar...
Temos também a chamada EMPATIA COGNITIVA, que surge quando “fazemos esse salto imaginativo propositalmente para buscar compreender melhor alguém. (Fazemos isso todas as vezes que observamos mais profundamente as pessoas, sejam elas conhecidas ou desconhecidas, tomando atitudes, demonstrando seus sentimentos, explicando seu ponto de vista e procuramos fazer o salto imaginativo buscando compreender mais a fundo o porquê essa pessoa pensa, faz e se sente de determinada maneira) Quanto mais treinamos esse tipo de empatia, mais a desenvolvemos de forma natural e menos racional. Segundo Krznaric, todos nós podemos desenvolver e aumentar nossa empatia emocional e cognitiva através de nossas experiências e da prática intencional ao longo do tempo. Quanto melhor desenvolvidas melhor a qualidade de nossos relacionamentos, com nós mesmos e com os outros.
Você deve estar se perguntando, mas é possível sentir empatia de quem não gostamos ou por pessoas que pensam e agem muito diferentes do que acreditamos? A reposta é SIM. Sentir empatia não é o mesmo que sentir simpatia. Simpatia quer dizer que gostamos ou aprovamos alguma coisa em alguém. Na empatia, o mais importante é validar aquele ser humano e sua história, não sendo necessário gostar, muito menos aprovar qualquer coisa. A empatia está em saber-se diferente dele e ele de você, ao mesmo tempo escutar (levar atenção ao que o outro diz) para que o outro se sinta escutado e compreendido. ISSO SIGNIFICA VALIDAR A EXISTÊNCIA DAQUELE SER HUMANO À SUA FRENTE.
Se a empatia seria capaz de transformar tanto, por que vivemos com tanta falta de empatia a nível pessoal e social? Porque, como diria Krznaric, nos falta PHILAUTIA que do grego se traduz por amor próprio ou autoempatia. Por não sermos capazes de empatizar por nós mesmos, nos faltam fundamentos psicológicos necessários para nos conectarmos com os outros. É preciso sair da autocrítica severa a que estamos acostumados a nos tratar e passarmos a desenvolver sentimentos amistosos por nós mesmos, para que haja autoconhecimento e amor próprio dentro de nós. A empatia se desenvolve de dentro para fora e só é possível se nós formos o primeiro a recebê-la.
A empatia é o quarto passo da Inteligência Emocional, segundo Daniel Goleman, e em breve iremos nos aprofundar em cada um desses passos dessa incrível teoria que se encaixa perfeitamente na vida real, quando retomaremos com o conceito sobre a Empatia.
Por enquanto desafio vocês a praticarem a Philautia, observando seus pensamentos, emoções e sentimentos a respeito de si mesmos. Como você tem se tratado? Quais são os seus pensamentos, emoções e sentimentos na maioria do tempo (positivos, negativos, neutros)? Eles se repetem? Qual a conversa mental constante que você tem consigo? Anote por uma semana cada um desses aspectos de forma consciente e sem julgamento. Quando tomamos consciência do que se passa em nossa mente conseguimos agir para fazer diferente. Em breve apresentarei o como fazer isso.
Até mais!