Hoje eu acordei com a proposta de escrever. Mas escrever sobre o que? Normalmente, em meus processos de escrita, gosto de sentir, sentir e não planejar. Sentar na cadeira e sentir o que meu corpo me manda escrever e escrever sem precisar, sem a necessidade específica de colocar algo aqui.
Confesso à você que vivencio um grande desafio em minha vida, o qual trabalho constantemente com as práticas de Mindfulness: a necessidade de controle e organização. Gosto de ter as coisas em seu lugar e saber, principalmente no trabalho, com clareza quais serão os próximos passos. A escrita me permite ser diferente, a escrita funciona para mim como a dança, um momento em que as coisas só acontecem, aqui a mente se movimenta livre, enquanto na dança o corpo se movimenta sem o “ter que” alguma coisa.
Só para que fique claro, não sou nenhum dançarino como meu querido amigo Ilídio, que sempre corrige meus textos e os faz chegar aqui de forma mais clara para você. Danço com o caminhar da música, permito com que meu corpo se entregue ao movimento que ele sente que precisa, sem julgamentos, sem interpretações. É uma dança bela? Pouco provável que esteticamente o seja, mas é bela para a alma que permite com que o corpo se movimente de forma livre, é a conexão entre mente e corpo expressa em movimentos, no que é possível ver, no que é mais fácil sentir.
Você já escreveu como se para ninguém precisasse mostrar? Você já dançou como se não se importasse com o que você mesmo pensa de seus movimentos? A dança é terapia, a escrita é liberdade. Quase que me sinto poético nestes instantes de liberdade em que escrevo.
Aqui lhe faço o convite: crie perguntas e as responda só para você, escreva como se você fosse livre, pois você é, pois você pode ser. Livre das suas próprias amarras mentais que limitam a sua necessidade de ter que saber, a necessidade de termos que ser perfeitos.
Você já dançou hoje? Aqui lhe faço outro convite: escolha a música mais bela aos seus ouvidos. Escolha uma, duas ou três músicas que conectam sua alma e seu coração, coloque elas em uma sequência e permita com que seu corpo seja livre, pois ele é. Permita-se sentir, permita-se criar, permita-se se libertar das amarras que estão presentes em seu ser neste momento.
Talvez você esteja lendo este texto e pensando que você não consegue fazer isso, encontrando inúmeras desculpas para não ser livre: não dá, moro com mais pessoas; o que as pessoas vão pensar de mim; o que eu penso de mim?; imagine, dançar livre…posso parecer ridículo. A nossa mente ocidental diz que precisamos de justificativas para cada passo que damos, quando na verdade o que nos falta é sentir, sentir quem somos, sentir quem queremos realmente ser.
Nos limitamos por precisarmos ser perfeitos e….pessoas perfeitas não dançam e nem escrevem livremente. Veja se é possível usar este tempo em casa, este tempo trancado em um espaço restrito pelas paredes para poder se transformar, para poder criar o que talvez você nunca tenha se permitido ser.
Em tempos de crise ou fora deles,
crie suas próprias formas: PERMITA-SE SENTIR.