As 9 atitudes de mindfulness, um dos vídeos mais claros e detalhados que explicam o que é mindfulness, de Jon Kabat-Zinn, e que foi legendado para a nossa querida língua portuguesa pelo pessoal da Abramind, será descrito ao longo desse texto, com algumas interpretações do autor que vos escreve. Ficou formal isso aqui hein? Rs….
Bom, antes de darmos real início a descrição e a conversa sobre cada um dos pontos, conversa que em um primeiro momento será breve e que depois iremos aprofundar em um texto específico para cada uma das atitudes, com mais um podcast sobre o assunto com a querida Olga Durães, vamos elencar as 9 atitudes de mindfulness:
1. Mente de principiante
2. Não julgamento
3. Aceitação
4. Deixar ir / Soltar
5. Confiar
6. Paciência
7. Não esforço
8. Gratidão
9. Generosidade
JESUISSSS, são muitos pontos para nos lembrarmos ao longo de nossas vidas tão atribuladas. Como o próprio Jon Kabat-Zinn, criador da metodologia do mindfulness contemporâneo que conhecemos, diz: “nós não precisamos necessariamente nos lembrarmos de todas elas se estamos praticando o não esforço, então, todo o resto está ai integrado”.
Quando lemos essas 9 atitudes, muitas vezes, principalmente se não estamos contextualizados ao mundo de mindfulness, tudo isso pode parecer uma loucura. No mundo dos negócios, ler o termo “não esforço” é um sofrimento e nos dá a sensação de procrastinação e de falta de pró-atividade, não é verdade?
Precisamos, então, entrar de forma sutil em cada um desses conceitos para você realmente entender o que eles são e o que eles não são, tendo clareza de como cada um deles pode ajudar você a ter mais qualidade de vida, mais atenção e, com isso, melhorar as suas relações. Pois o sentido está , justamente, em levá-las para as experiências do seu dia-a-dia.
1. MENTE DE PRINCIPIANTE
Começando pelo começo vamos pensar na mente de principiante. O que realmente significa isso? A mente de principiante é a capacidade que podemos resgatar de ver as coisas sempre como se fosse a primeira vez. E aí você pode me perguntar: “e de que isso vai me adiantar?”. Primeiro, ter uma mente de principiante vai te ajudar a não se sentir aborrecido e entediado com atividades que você já está acostumado(a) a fazer.
A mente de principiante é saber que a forma como você vê o mundo e vê os acontecimentos que acontecem na vida não são a única forma de ver as coisas. No mínimo, teremos duas formas de ver uma mesma situação, veja bem, NO MÍNIMO. No entanto, esse ainda não é o ponto principal, sendo que a mente de principiante traz o gancho para podermos falar sobre o não julgamento.
Quando trabalhamos a mente de principiante diminuímos o julgamento, os pensamentos de certo ou errado e, assim, temos a possibilidade de criar abertura em nossa mente e em nossas atitudes para compreender o mundo de outra forma. Abertura e espaço para o novo são duas palavras que, para mim, ajudam a compreender o conceito de mente de principiante, junto à palavra CURIOSIDADE.
1. ABERTURA
2. ESPAÇO
3. CURIOSIDADE
Três palavrinhas chave para compreender a mente de principiante, para podermos ver o mundo como se fosse a primeira vez, como se fossemos crianças experimentando a realidade com um olhar novo, de criação e de compreensão do que está presente aqui e agora, abrindo espaço para o não julgar…
Reconhecendo que o momento presente é sempre novo, que nunca estivemos nele antes, podemos escolher trazer à experiência um frescor que abre espaço para novas possibilidades, permitindo desapego a ideias e opiniões preconcebidas. Lembre-se que, diferentemente da mente do especialista, na mente do principiante há infinitas possibilidades.
2. NÃO JULGAMENTO
Falando em não julgamento (eu nunca sei se coloco hífen aqui ou não, alguém me ajuda? Rs…sem me julgar, por favor) muitas vezes temos a ideia de que quando falamos em não julgar alguém iremos parar de refletir sobre tudo o que se passa em nosso mundo a nossa frente. Quando entendemos o não julgamento dessa forma, não sabemos o que isso realmente quer dizer. Se era o seu caso, vamos fazer com que você entenda o que esse termo significa agorinha mesmo!
Não julgamento significa estar atento aos julgamentos que você faz ao longo de sua vida, de seu dia-a-dia. Não iremos parar de julgar minuto algum. Vemos um carro e pensamos: gosto disso ou não gosto disso. Nossa mente foi e é treinada diariamente para estar nesse ponto de gosto não gosto. E você PODE SIM gostar ou não gostar, agora precisamos entender que esse gostar ou não gostar é nosso e não do outro. Você não gosta, mas talvez a outra pessoa goste.
Percebem como é um verdadeiro desafio entrar em contato com nossa mente constantemente julgadora e crítica, afinal temos opinião formada sobre tudo que surge , não é mesmo? O convite é notar e compreender que os julgamentos contaminam nossa percepção em relação à nossas experiências, partindo daí podemos refinar o discernimento, a clareza e a interconexão entre as coisas, nos permitindo viver de forma mais autêntica.
Aqui retornamos para a mente de principiante, que significa que o seu pensamento não é uma verdade absoluta, mas só uma verdade dentre as outras formas de interpretar e entender as situações. O cultivo de mindfulness convida-nos a entrar em contato com as experiências como elas se apresentam, sem passar pela distorção de nossas preferências ou aversões. E como não poderia ser diferente, o não julgamento abre espaço para falarmos sobre a próxima atitude, a aceitação.
3. ACEITAÇÃO
Ahhh...a aceitação….aceitar significa resignar, certo? Claro….errado! Rs...Muitas vezes acreditamos que aceitar alguma coisa está correlacionado ao processo inativo, de não fazermos nada. Essa é a maior MISCONCEPTION (O MAIOR ERRO) sobre o termo aceitação que poderíamos encontrar.
Como Jon Kabat-Zinn deixa claro no vídeo, aceitar é um processo ativo. Talvez você goste, talvez não goste. Se não gosta, tem dificuldade em aceitar que isso está acontecendo e, se gosta, caso perca isso, você tem a tendência de sofrer porque gostaria de continuar tendo isso. No texto específico sobre aceitação iremos aprofundar esse conceito.
Tá bom….mas porque então a aceitação é um processo ativo? Hum...mais uma vez, talvez você goste, talvez não….e aceitar significa conseguir ter clareza sobre o que está agora é o que você tem agora. Com isso, você pode DEIXAR IR sua vontade de querer que o presente seja diferente. Então, a primeira ação é conseguir soltar essa necessidade de que o que é seja diferente. O segundo processo ativo é a possibilidade de mudar as nossas próprias atitudes e ações para não deixar que essa situação volte a acontecer. Desperdiçamos muita energia negando e resistindo ao que já é um fato, causando mais tensão e impedindo que ocorram mudanças positivas. A aceitação traz economia de energia que poderá ser usada para curar e crescer, esta atitude é um ato de autocompaixão e inteligência!
Quando entro nesse ponto dentro dos cursos de mindfulness muitas pessoas falam que acreditam que se eu quero mudar, que isso não é aceitação. Realmente este é um ponto rico para discussão e aqui precisamos saber que a aceitação está sempre correlacionada ao momento presente, isto é, aceito o que está presente e posso trabalhar para que isso mude do futuro, sem o apego ou objetivo de que, se não mudar, eu continuarei resistindo e sofrendo. Se você aceita, você pode sim agir para ser diferente, aceitando caso continue igual.
Ficou complexo, eu sei, vamos rapidamente pensar em um EXEMPLO PRÁTICO:
Você está doente e não aceita que está nesta situação. Não aceitando, você tem a dor da doença e mais a dor da resistência à doença. Talvez você brigue firmemente com a doença ou talvez se entregue a ela por completo. Neste caso, você não aceitou que está doente. Você está doente e aceita que está doente.
Você tem a dor de estar doente igualzinho, mas não tem a resistência. Ao mesmo tempo, você pode estar atento à sua saúde fazendo seu melhor para se curar, sabendo que talvez você melhore, talvez não. Mesmo assim, você cuida de si mesmo para melhorar. Você não briga com a doença e nem desiste de si mesmo por conta dela. Você aceita que é isso que está presente e que agora, com as ferramentas que tem em mãos, faz seu melhor para que seu futuro seja mais saudável e com menos dor e menos sofrimento.
Se você quer se aprofundar no tema, leia o artigo completo sobre aceitação aqui (se o aqui não está azulzinho é pq o link ainda não está pronto!). Quando falamos sobre nós mesmos, entramos em um processo de autocompaixão !
4. DEIXAR IR
As vezes eu me pergunto se a melhor tradução seria “deixar ir”, “soltar” ou “permitir que se vá”. Como não poderia ser diferente, a aceitação puxa o gancho para esta atitude de mindfulness. Quando temos aversão ou apego a algo temos a tendência de ruminar a situação em nossas mentes sem parar.
Queremos que algo permaneça em nossas vidas ou que não faça mais parte do que vivemos. E aí criamos o sim e o não, o “fique” e o “sai daqui agora!”. A atitude de deixar ir se refere a consciência de que tudo o que vivemos é IMPERMANENTE, ou seja, é transitório - agora é dessa forma, daqui a pouco já pode não ser mais. Tudo se transforma no tempo.
Quando tomamos consciência disso, simplesmente compreendemos que já já será diferente e temos a capacidade de deixar ir, de soltar os nossos apegos e as nossas aversões. O desapego pode ser a saída para a libertação do sofrimento!
Ficou claro? Se não ficou, deixe um comentário aqui para que possamos bater um papo mais profundo sobre o assunto. Com isso vamos para a próxima atitude
5. CONFIAR
Confiar….essa palavra até nos faz tremer as pernas. A prática de confiar vai além de confiar em uma pessoa, em um relacionamento, ou em algo, inclui confiar em tudo isso, mas vai além. Confiar significa confiar no processo, confiar que as coisas são como elas deveriam ser e nada além disso. Confiar na natureza, em nosso corpo, nas relações, confiar no todo.
Falar é fácil, colocar em prática é um desafio. Um ponto de atenção importante aqui é saber que confiar não significa, mais uma vez, resignar, não significa não fazer nada. Confiar também é um processo ativo, confiar é aceitar o momento presente e acreditar que o processo é o processo que é, que pode ser e que poderia ser...e mesmo assim, você continua com sua responsabilidade de ação para transformação dos processos que acontecem dia-a-dia em sua vida. Tá tretaaaa! Hahahaha….
6. PACIÊNCIA
A excelente metáfora que Kabat-Zinn faz aqui é: “pense em uma criança que quer que uma borboleta saia da crisálida antes da hora”. O que acontece é que vivemos querendo que o próximo momento chegue, que chegue o fim de semana, que chegue as férias, que chegue qualquer coisa que não está presente.
Tendemos a CULTIVAR o futuro que está por vir ou o passado que já foi: será diferente ou como já foi bom. Esse cultivo da impaciência faz com que nos distanciemos a cada momento do que está presente aqui e agora. O subproduto de apressarmos as coisas é que nunca estamos onde de fato estamos!
Cultivar a paciência é cultivar o espaço de tempo do que está agora, não querendo que nada seja diferente do que é, sem nos desesperarmos com o que está por vir. É deixar as coisas desenrolarem-se em seu próprio ritmo reconhecendo que cada momento representa a totalidade da vida naquele espaço de tempo!
7. NÃO ESFORÇO
A prática do não esforço dentro da prática meditativa é o trabalho de praticarmos sem querermos chegar em nenhum lugar específico. Você pratica para estar consciente do aqui e do agora, você não pratica para atingir um estado mental específico ou para conseguir chegar em algum ponto.
Mais do que qualquer outra coisa, este me parece ser a atitude mais desafiadora de colocar em palavras escritas a compreensão que tenho do vídeo do professor do MIT. Não esforço é deixar nossa lista de afazeres para estarmos presentes no que quer que esteja aqui e agora. É permitirmos o mundo ser como é momento a momento, o que é extremamente CURADOR E NUTRIDOR.
Esse ponto é uma verdadeira quebra de hábito em nossa cultura ocidental. Vivemos na cultura do fazer, fazer e fazer mais. Quebrar o hábito e trazer o não esforço é criar espaço de cuidado e de gentileza para nós mesmos. É criar espaço para um fazer mais consciente e mais saudável e, porque não, mais eficiente.
8. GRATIDÃO
Quando falamos da palavra gratidão muitas vezes ouvimos o comentário inconsciente: gratidão é coisa de hippie. Talvez a palavra gratidão tenha sido utilizada em muitos contextos, o que de certa forma é importante e traz nutrição para o ser humano.
Gratidão significa agradecer, e agradecemos pouco em nossa cultura. Agradecer as pequenas coisas da vida, nosso corpo funcionando, nossa possibilidade de tomar água, de comer, de poder ler um texto, de ter acessos como à internet, à educação, a um emprego, agradecer ao simples fato de acordarmos respirando bem. Tem sido demonstrado que a gratidão é uma das atitudes mais positivas a cultivar, tendo um relacionamento poderoso com o bem-estar!
9. GENEROSIDADE
Se importar realmente com os outros. Fazer o bem pelo fazer o bem, ajudar por ajudar. Ser generoso não porque quer algo em troca, mas por podermos cuidar do outro. Quando falamos de generosidade, precisamos incluir um ponto importante que já mencionei anteriormente, a autocompaixão.
Só podemos dar quando temos, só podemos nutrir quando estamos nutridos. Se nutrirmos sem estarmos nutridos a estafa será uma consequência do tempo. Por isso, trabalhamos a consciência do aqui e do agora para sabermos como nos sentimos para podermos fazer o bem quando nos sentimos bem e, assim, cultivarmos um ciclo virtuoso do bem e da paz. ...trazendo contentamento para os outros e reforçando a interconexão.
UFA!
Falamos então sobre todos as 9 atitudes que Jon Kabat-Zinn nos traz como os princípios fundamentais de mindfulness. Espero que o texto seja esclarecedor e ajude você a compreender um dos vídeos mais importantes, pra mim, sobre mindfulness que você poderá encontrar na internet!
Agora, se você quer aprofundar seus conhecimentos nas nove atitudes mindfulness, vamos iniciar a nossa comunidade de práticas em agosto 2023 para desenvolvermos cada uma delas no detalhe. Copie e cole o seguinte link no seu navegador: https://assertivamindfulness.com.br/comunidade-mindful-grupo-semanal-de-pratica/
Acesse o link para mais informações. Espero que você esteja bem e em paz.